O papel do setor, agora, vai da logística ao crédito, da consultoria e serviços financeiros aos canais de vendas.

 

O mercado de distribuição vem sendo desafiado pelo avanço da tecnologia, além da falta de produtos e insumos, do aumento dos custos operacionais e da criação de novos modelos de negócios. O papel do setor, agora, vai da logística ao crédito, da consultoria e serviços financeiros aos canais de vendas.

por Dilnara Titara

A venda de infraestrutura e software como serviço, o surgimento do marketplace e o crescimento das ofertas de soluções de outsourcing são fatores que têm contribuído para um novo posicionamento da distribuição, objetivando manter sua relevância dentro da cadeia de suprimentos do ecossistema de TIC, conta Mariano Gordinho, presidente-executivo da Abradisti (Associação Brasileira da Distribuição de Tecnologia da Informação).

Os produtos com maior giro são os de tecnologia e entretenimento, e os de maior rentabilidade são os que têm maior valor agregado, diz Alexandre Elias, diretor de marketing da Rcell. “O mercado passou por mudanças no segmento com o surgimento de mais opções de revenda. Isso motivou as empresas a investirem em produtos e serviços de maior valor para se diferenciarem dos concorrentes. A questão preço deixou de ser um fator decisório para a compra junto ao distribuidor.”

“A questão preço deixou de ser um fator decisório para a compra junto ao distribuidor.” Alexandre Elias, diretor de marketing da Rcell

 

Itens com tíquete médio maior, geralmente, são mais rentáveis para o setor e direcionam a demanda do mercado. “As distribuidoras passaram a trabalhar mais com os produtos de maior valor agregado, e o próprio movimento da indústria, devido à falta de insumos, priorizou a sua fabricação. Soma-se a isso a necessidade de diluir o frete, que sobe o custo do pedido”, diz Teruo Fujioka, CEO do Fujioka Distribuidor.

“Nos últimos três anos, a Abradisti tem verificado um crescimento sustentável de pelo menos dois dígitos do negócio da distribuição.”

Mariano Gordinho, presidente-executivo da Abradisti

 

Braço da indústria

A estrutura de uma distribuidora geralmente se define entre sede e centros de distribuição (CDs), e algumas têm escritórios regionais, destaca Alexandre Elias. “A localização dos escritórios nos grandes centros busca mobilidade e proximidade com fornecedores. Já a instalação regional dos CDs é por uma questão de agilidade logística, eficiência tributária e abastecimento inteligente.”

O canal de distribuição no Brasil tem uma cobertura abrangente, apesar da complexidade fiscal e logística. O papel do distribuidor é um dos mais importantes. “Ele precisa levar aos regionais o mesmo nível de excelência que a indústria tem ao atender os grandes varejistas. É como se fosse uma extensão, um braço da indústria, e isso implica conseguir ser capilar”, diz David Oliveira, diretor de distribuição e marketing da Allied Brasil.

“As distribuidoras passaram a trabalhar mais com produtos de maior valor agregado.”

Teruo Fujioka, CEO do Fujioka

 

Crescimento do setor

“Nos últimos três anos, a Abradisti tem verificado um crescimento sustentável de pelo menos dois dígitos do negócio da distribuição. “Pelas projeções e estudos que realizamos, acreditamos que esse crescimento deverá se manter nesse patamar pelos próximos dois anos, se nenhum fator externo vier a atrapalhar, como o prolongamento da guerra, a inflação acima da projetada e uma desaceleração no consumo”, diz Mariano.

“O papel do distribuidor é um dos mais importantes.”

Davi Oliveira, diretor de distribuição e marketing da Allied Brasil

 

 

“O conhecimento sobre desenvolvimento e a gestão de canais de vendas têm alavancado nosso crescimento, que chegou a 75% em 2021 na comparação com o ano anterior”, destaca Marco Antonio Palma, CEO da Usina de Vendas. A empresa tem procurado diminuir o risco de crédito, pulverizando suas vendas em pequenos e médios varejistas.

“O conhecimento sobre desenvolvimento e a gestão de canais de vendas têm alavancado nosso crescimento, que chegou a 75% em 2021 na comparação com o ano anterior.”

Marco Antonio Palma, CEO da Usina de Vendas

 

 

Obstáculos

Dentre as dificuldades enfrentadas pela indústria, a carga tributária do País, aliada às alíquotas diferentes entre os estados, dificulta a competitividade do setor, conta Monique Frauendorf de Ulhôa Canto, CEO e presidente da Nacional Smart. “O produto quase se inviabiliza pelo alto custo ao chegar no cliente final, que acaba pagando uma parcela dos impostos, da nacionalização do item e impostos locais, como o ISS.”

“A carga tributária do País, aliada às alíquotas diferentes entre os estados, dificulta a competitividade do setor.”

Monique Frauendorf de Ulhôa Canto, CEO e presidente da Nacional Smart

 

“O maior entrave do setor de distribuição para a categoria de eletros é o elevado número de produtos ilegais à venda no Brasil, assim como as altas taxas de liberação e impostos, além de entraves logísticos”, diz Hicham A. Hamze, diretor da Summerland. A carga tributária e a complexidade fiscal no País também são pontos de destaque.

“O maior entrave do setor de distribuição para a categoria de eletros é o elevado número de produtos ilegais à venda no País.”

Hicham A. Hamze, diretor da Summerland

 

Fonte: Revista Eletrolar News #149

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